Domingos Correia: o Premium é o patamar onde nos queremos posicionar
Com morada fixa no Parque Industrial de Celeirós, em Braga, fomos conhecer o Grupo Arliz. Quem o representa é Domingos Correia, e é com ele que a Villas&Golfe não tarda a reunir. A fama de expert nos negócios é inegável, mas a certeza consolida-se quando entramos escritório adentro. Os olhos azuis ciano, que se destacam na sala de branco celestial, vão-se aproximando para fazer as apresentações.
Ao redor, vêm-se os rolos dos projetos, embrulhados como pergaminhos, e uma estante de livros de todos os tipos, com diplomas e fotografias de família a acompanhar. Escusado será falar dos sofás estratégicos e mesas extensas, passíveis de fechar bons negócios. Rapidamente surgiu conversa, percorrendo o Grupo Arliz e as seis áreas que o complementam. Entre passado, presente e futuro, ficamos a conhecer os projetos de um homem pragmático, de poucas palavras e muitos negócios, visionário e seguro de si.
Ficaríamos admirados com os seus hobbies preferidos?
Eu gosto de desportos náuticos. Também viajo bastante, trazendo muitas ideais e aprendizagens comigo.
Joga golfe?
Ando a iniciar. Estou a tirar o handicap.
Como é que descreve o Grupo Arliz quanto à sua visão e posicionamento no mercado?
O Grupo Arliz está a apostar, sobretudo, em quatro áreas de atuação: promoção imobiliária, construção civil, turismo e metalomecânica. Na vertente imobiliária, quer posicionar-se no mercado de luxo, em cidades específicas, como Lisboa e Porto, e ilhas. No turismo, a aposta recai em hotéis de cinco e quatro estrelas. Em todas as áreas do negócio procuramos atuar de forma ética e sustentável.
Falamos de quantas marcas e quantos colaboradores, ao certo?
Atualmente, são sete marcas e 450 colaboradores. Até ao final do ano o número sobe para 600 funcionários.
Quais são os desafios atuais do setor da promoção imobiliária, para um grupo sólido como o Arliz?
O desafio é o de continuar a crescer. Estamos já dispersos no mercado de Lisboa. Neste momento, encontramo-nos a edificar um prédio, o Conde Redondo, e vamos iniciar um outro, em Setúbal. Presentes no grande Porto e nos Açores, temos projetos a surgir, embora uma das maiores dificuldades sejam os licenciamentos nas câmaras municipais, processos seguramente demorados.
Dentro da vertente da construção civil, que tipo de intervenção desenvolvem?
Atuamos, sobretudo, ao nível da construção, reabilitação e obras públicas.
Entre outros projetos, está a desenvolver o Casal de Paços, Conde Redondo e o Oporto Luxury Residences. Falamos de projetos opostos, com diferentes targets em vista. Qual tem sido o mais desafiador?
O Casal de Paços e o Conde Redondo têm sido os mais desafiadores. Trata-se de produtos premium, com um valor acrescentado muito maior. O target é também outro, mais direcionado para os investidores estrangeiros. O Oporto Luxury Residences já é mais standard, um género de projeto que fazemos há bastante tempo.
Portugal consome, cada vez mais, o que é luxo, nomeadamente no ramo da habitação. Espera vir, no futuro, a incidir mais na vertente premium?
Sim, cada vez mais. Além de o país consumir mais luxo, o premium é o patamar onde nos queremos posicionar. De facto, a trabalhar o produto de gama média ou média baixa há muita gente, mas a apostar no premium não há tanta, pelo que ou têm medo ou não têm como apostar na qualidade.
Fale-nos da aposta no ramo hoteleiro.
Na sequência da construção surge, então, a vertente hoteleira. Começou em 2007, quando estávamos a reformular um hotel para um cliente e ele me desafiou a entrar na área do turismo. Foi assim que me entrosei. Criámos os dois uma empresa, 50/50, e comprámos a primeira unidade hoteleira nos Açores. Em 2010, comprámos outro complexo no Funchal e, aí, já era acionista da empresa a 70%. Em 2016, adquiri a empresa a 100%, altura em que também já estava com o terceiro hotel nos Açores. Neste momento, estamos prestes a abrir o hotel do Mosteiro de Santa Clara, em Vila do Conde; adquirimos outra obra no Funchal e temos ainda outros projetos a fechar. Os primeiros cinco anos na área foram difíceis, anos de perda, e não de ganhos. Só a partir de 2013 é que começou a evoluir significativamente. Atualmente, é um negócio rentável, daí a ambição de abrir um hotel por ano.
Mencionou o Mosteiro de Santa Clara, um projeto hoteleiro do grupo, agrupado num segmento premium, que não tarda a abrir portas. O que nos pode revelar sobre o complexo?
O Mosteiro de Santa Clara tem tudo para que seja um dos melhores hotéis do Norte. Este hotel de cinco estrelas fica situado em Vila do Conde e é um segmento muito alto, cujo investimento ronda os vinte milhões de euros. Com oitenta e sete quartos, envolve spa, piscina interior e dois restaurantes, um dos quais geridos pelo chef Vítor Matos. Existirá também garrafeira, que ficará num piso que descobrimos que estava enterrado há muitos anos, desde a construção do edifício, e que nunca foi utilizado. Falamos de um complexo que tem por volta de seiscentos anos.
Para se adaptar ao universo da metalomecânica é necessário estar na vanguarda das novas tecnologias. De que forma é que o grupo garante os melhores projetos?
A metalomecânica é um investimento mais recente. Tem ainda dois anos de aquisição e foi uma marca que adquirimos num processo de insolvência, pelo que pertencia a uma empresa que já trabalhou para o Grupo Arliz. Nós sabíamos que era uma marca bastante evoluída e com bons equipamentos. Quando surgiram as dificuldades, fomo-nos aproximando e optamos por adquirir o estabelecimento. Neste momento, a empresa está a trabalhar muito bem. Estamos focados na França, porque é um mercado que tem mais valor acrescentado, comparativamente a Portugal. Pretendemos apostar na Suíça também. Há poucas empresas em Portugal que consigam garantir projetos diferenciadores como nós. Eu gosto de estar sempre a investir, ainda para mais numa área de inovação como a metalomecânica.
Do domínio da Arliz faz, ainda, parte a área dos seguros…
Também o ramo dos seguros é o que menos aposta tem por parte do grupo, juntamente com a marca VE. A área de seguros vai continuar a crescer, mas a dos parques de estacionamento só evolui se fundirmos com outra empresa de rendimentos. Aliás, já que falamos em rendimentos, além da promoção imobiliária temos uma empresa que compra ativos e põe em rendas. E os parques VE talvez um dia passem por fazer uma fusão com esta nossa empresa.
O que tem em mente para o futuro do Grupo Arliz?
Consolidar as quatro áreas de negócio em que estamos a incidir mais: hotelaria, construção civil, promoção imobiliária e metalomecânica.
Fonte: Villas&Golfe